Chegada a época natalícia, por volta do mês de Novembro / Dezembro, as lojas e centros comerciais “rebentam” com tanta gente. Os presentes para um, as lembranças para outros ou até mesmo a chamada “pasta aos olhos” pelas montras deliciosas desta época, aliciam até os mais cépticos e os mais poupados, que acabam quase sempre por comprar e tornar a nossa sociedade consumista.Hoje em dia, o Natal já não equivale ao amor, paz ou à festa religiosa, mas sim ao esbanjamento desenfreado das nossas poucas finanças, ao pretexto de reencontros que há muito não aconteciam. Já não existe a simplória festa de Natal que antigamente reunia como um dia normal toda a família. Hoje em dia só se pensa das prendas e mata-se a cabeça a pensar no que se vai oferecer ao filho da vizinha do lado ou na roupa que se veste no dia de Natal, que é motivo de passerelle para todos os transeuntes que aproveitam para tirar o carro da garagem e dar a voltinha dos tristes com a família. Passam-se dias e dias nesta época, que as pessoas percorrem todas as grandes cidades e superfícies comerciais a tentar comprar o tempo que não deram àqueles que lhes são próximos durante todo ano. O presente não significa o objecto que se oferece, mas sim a nossa (não) presença com aqueles que amamos. Todos se aproveitam desta época para se desculparem da hipocrisia em que viveram o resto do ano.Mas pensando positivamente, nem tudo está perdido. Ao fim ao cabo, não esqueçamos que ainda nos reunimos no Natal e no Ano Novo, e com o esforço de todos, se tenta ganhar o tempo que se perdeu. Ainda existe uma confraternização, ainda se vê a espera impaciente e nervosa dos miúdos que anseiam pela meia-noite para abrirem a tão desejada prenda…O natal é particularmente uma época de fraternidade, mas também de consumo e hipocrisia, em que andamos mecanizados mas que paira no ar a sensação de coisas boas, a sensação de felicidade, que nos faz sentir vivos.
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