Contagem decrescente

09:47 / Publicada por Fabulastica /

Estou em contagem decrescente para as minhas férias. Acho que quando me vir fora daqui penso que é mentira.
Já ando a fazer uma lista do indispensável, mas quanto mais olho para ela, mais acho que há muita coisa dispensável. Mas acabo sempre, todas as férias, arrependida por não ter trazido qualquer coisa que pensei não ir usar. Não que vá para algum sítio fashion, só vou ali ao Algarve, mas quem me conhece sabe que eu sou uma vaidosa irremediável.
De qualquer maneira, entretanto vou entrar em negociações com a minha mãe por causa de algumas "coisitas" que quero levar que são mais dela do que minhas, mas penso que serão umas negociações fáceis.
Depois vou entrar em negociações na viagem de ida com o meu boy para ele ir dar um saltinho a Santa Eulália para comprar um bikini, uma vez que ele disse que o meu era "à velha" e que me oferecia um à escolha dele. Obviamente não me vou fazer rogada a esta generosidade... Só espero que não invente muito na escolha.
Entretanto vou rezando para apanhar bom tempo, já que hoje está um belo nevoeiro de Fevereiro. O tempo já não é como antigamente.
Lembro-me quando era miúda de ir para o campismo de Monte Gordo, com um calor infernal. Demorávamos 6 horas a chegar ao Algarve com o atrelado. Os avós levavam um avançado, mais a cozinha e uma bacia tipo lavatório, televisão, até naperons para pôr em cima da mesa a minha avó levava. Naperons que um dia roubaram de noite e depois andámos o dia todo a procurar a tenda que lhes tinha deitado a mão. Era o dia todo a montar o estaminé. Depois vinha a minha prima com os avós dela, que traziam bicicletas. Bem, era a tarde toda a pedalar, cima, baixo, direita, esquerda, não sei sinceramente o que andávamos a fazer o tempo todo, mas era até a minha avó andar à minha procura e a pensar seriamente em ir-me chamar à recepção.
Depois íamos para a fila do duche quente, e esperávamos uma carrada de tempo (aliás, naquele campismo era fila para tudo) e depois vínhamos muito devagarinho para não sujarmos os chinelos com terra.
Depois de jantar íamos para a fila do telefone público para ligar aos meus pais, mas só 2 minutos porque era muito caro, e só via a minha avó a pôr moedas de 50 escudos.
À noite jogava-se ao bingo com moedas de um escudo. Juntava-se a família e mais gente da Marinha. Via-se a novela brasileira numa televisão com antena que nunca estava sintonizada e comíamos palitos La Renne e chocolate do Lidl.
Foi em Monte Gordo que pisei uma Alforreca. Que desenterrei muitas conquilhas. Que vim a rebolar numa onda. Que vi um homem a morrer afogado. Que me bronzeei de tal forma que nunca mais consegui chegar àquela cor. Que brinquei ao Super-Homem enrolando a toalha nas alças do fato de banho.
De manhã cheirava a verde, a amendoeiras, a protector solar, a torradas e a calor. Para mim, é este o cheiro do Algarve. E Monte Gordo traz, sem dúvida, muitas recordações.

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